5 de jun. de 2011


Praia do Forte/BA.Verão2009.
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5 comentários:

Jorge Freitas disse...

revitalização dos centros históricos das cidades brasileiras[i]

Barbara Freitag

De acordo com a metodologia proposta por Max Weber, seria possível distinguir cinco tipos de cidades, tomando como referência sua formação histórica (colonial):

(1) Cidades históricas abandonadas, descuidadas, em ruínas, “mortas”.

Exemplos: Alcântara no Maranhão e São Miguel (dos 7 Povos das Missões) no RS;

(2) Cidades históricas esquecidas, que numa espécie de “Sonho de Bela Adormecida” sobrevivem intocadas às intempéries do tempo e à margem da fúria modernista. Sua beleza e originalidade são

Jorge Freitas disse...

descuidadas, em ruínas, “mortas”.

Exemplos: Alcântara no Maranhão e São Miguel (dos 7 Povos das Missões) no RS;

(2) Cidades históricas esquecidas, que numa espécie de “Sonho de Bela Adormecida” sobrevivem intocadas às intempéries do tempo e à margem da fúria modernista. Sua beleza e originalidade são redescobertas e revalorizadas no Brasil na segunda metade do século 20.

Exemplos: Parati, Tiradentes, Olinda.

(3) Cidades históricas (em sua origem), via de regra construídas no período colonial, sitiadas, invadidas, destruídas e revitalizadas pela modernidade tomando como critérios a higienização (O.Cruz e Pereira Passos), o embelezamento (C.Sitte) e a funcionalidade (Haussmann).

À base desses critérios, as cidades desse tipo foram adaptadas ao tráfico moderno (do bonde,

Anônimo disse...

À base desses critérios, as cidades desse tipo foram adaptadas ao tráfico moderno (do bonde, automóvel, helicóptero), saneadas (instalando-se água, esgoto, luz, telefone) e para o uso mais econômico do solo, verticalizadas. Deste modo, transformaram-se em centros urbanos descaracterizados, caóticos, pouco hospitaleiros, poluídos, intransitáveis. Seus núcleos históricos, via de regra, sucumbiram às pressões dos especuladores de terrenos, dos engenheiros civis, dos arquitetos modernos e pós-modernos. Exemplos: Salvador, Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, entre outras.

(4) Cidades sem história, projetadas na prancha, para territórios vazios, por arquitetos e urbanistas comprometidos com a Carta de Atenas e a política da terra arrasada. Trata-se de cidades “jovens”, sem passado histórico que por vezes primam pela inventividade e originalidade. Nelas, seus idealizadores aplicam técnicas e materiais de construção novos.

Anônimo disse...

Barbara Freitag





A revitalização dos centros históricos das cidades brasileiras[i]

Barbara Freitag



“Somente a humanidade redimida poderá apropriar-se totalmente do seu passado. Isso quer dizer: somente para a humanidade redimida o passado é citável, em cada um dos seus momentos.”
Walter Benjamin

I

Parto de uma moldura teórica que orienta o nosso Projeto de Pesquisa Integrada – “Itinerâncias urbanas”, do qual sou uma das coordenadoras. Nesta pesquisa defendemos a tese da “itinerância” das cidades brasileiras, em especial, das cidades-capitais (federais e estaduais). Juntamente com a itinerância urbana acontece o que chamamos de “poderes peregrinos” e “representações nômades”. Simplificando bastante, partimos da constatação, de que é corriqueiro na histórica das aldeias, vilas e cidades brasileiras (desde os primórdios da colônia), abandonar ou deixar atrás de si núcleos urbanos criados, para fundar outros, paralelos, transferindo as funções do antigo para o novo. Deste modo, a cidade “abandonada” pode viver um período de estagnação e até mesmo cair no esquecimento.

Enquanto isso, a cidade nova, paralela, que passa a assumir as funções político-administrativas, econômicas e comerciais atrai todas as atenções e concentra riqueza e prestígio. É para essas cidades que se dirigem as ondas migratórias; é para elas que tradições e costumes regionais (indumentária, comidas, arte, música) são levadas e refundidas, num verdadeiro “melting pot” das culturas (o que chamamos de “representações nômades” em nossa pesquisa).

Aceitando-se essa moldura teórica geral, é possível criar uma “tipologia” das cidades brasileiras, que permite uma análise pormenorizada do tema que aqui interessa. De acordo com a metodologia proposta por Max Weber, seria possível distinguir cinco tipos de cidades, tomando como referência sua formação histórica (colonial):

(1) Cidades históricas abandonadas, descuidadas, em ruínas, “mortas”.

Exemplos: Alcântara no Maranhão e São Miguel (dos 7 Povos das Missões) no RS;

(2) Cidades históricas esquecidas, que numa espécie de “Sonho de Bela Adormecida” sobrevivem intocadas às intempéries do tempo e à margem da fúria modernista. Sua beleza e originalidade são redescobertas e revalorizadas no Brasil na segunda metade do século 20.

Exemplos: Parati, Tiradentes, Olinda.

(3) Cidades históricas (em sua origem), via de regra construídas no período colonial, sitiadas, invadidas, destruídas e revitalizadas pela modernidade tomando como critérios a higienização (O.Cruz e Pereira Passos), o embelezamento (C.Sitte) e a funcionalidade (Haussmann).

Anônimo disse...

À base desses critérios, as cidades desse tipo foram adaptadas ao tráfico moderno (do bonde, automóvel, helicóptero), saneadas (instalando-se água, esgoto, luz, telefone) e para o uso mais econômico do solo, verticalizadas. Deste modo, transformaram-se em centros urbanos descaracterizados, caóticos, pouco hospitaleiros, poluídos, intransitáveis. Seus núcleos históricos, via de regra, sucumbiram às pressões dos especuladores de terrenos, dos engenheiros civis, dos arquitetos modernos e pós-modernos. Exemplos: Salvador, Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, entre outras.