22 de abr. de 2009

Da coluna do Fernando Albrecht, “Começo de Conversa”, do Jornal do Comércio:

Curiosidades

22.04.2009

As cuecas do Marimbondo

“...desandou a gritar o nome da jornalista a plenos pulmões”

Saíram ou estão saindo dois livros sobre figuras populares do Centro de Porto Alegre (ver nas Notas de ontem), o que é muito bom. Mas nem todas as figuras constam neles. O popular Marimbondo é um deles.

Nos anos 60, ele era uma espécie de clown de uma turma de riquinhos que fazia ponto na Rua da Praia, em frente à Praça da Alfândega. Um episódio já contado aqui deu-se quando uma colunista do antigo Correio do Povo irritou-se com os gracejos da turma. Ela morava no edifício do Clube do Comércio e estava indo para a redação.

No dia seguinte, sua coluna tinha fortes críticas aos rapazes, inclusive com direito a retrato falado de alguns deles. A rapaziada vingou-se de forma exemplar usando o Marimba. Na saída da sessão das 22 horas dos cinemas Imperial e Guarani, quando saíam magotes de gente, devidamente instruído o Marimbondo plantou-se embaixo do prédio e olhando para cima, desandou a gritar o nome da jornalista a plenos pulmões, mais frases que escandalizaram os espectadores, porque dirigidas a uma solteirona que se supunha uma santa.

- As cuecas, me devolve pelo menos as cuecas, já que não me queres mais!

Havia outras figuras, como o Xerife (não o da Feira do Livro, o La Porta). Tinha um mau humor permanente e desancava todos que não lhe davam algum trocado. Morreu ao cair do bonde Duque, bem em frente do prédio da Caldas Júnior. Outro personagem era o Repolho. Seu apelido foi maldade pura: magrinho e pequeno, tinha uma hérnia volumosa abaixo da cintura. Quebrava galhos tipo pagar contas ou levar recados.

Toda a cidade, grande ou pequena, tem seus tipos populares. Geralmente o primeirão é o borracho, o tipo que de cara limpa é uma moça e bêbado é um desastre. Como o Cabeleira, em Montenegro. Mas essa já é outra história.

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